O melhor do namoro, claro, é o
ridículo. Vocês dois no telefone:
- Desliga você
- Não, desliga você
- Você
- Você
- Então vamos desligar juntos.
- Tá. Conta até três
- Um... Dois... Dois e meio...
Ridículo agora, porque na hora
não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro,
lembra? Eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonha!).
Mamosa. Purupupuca...
Não havia coisa elhor do que
passar tardes inteiras num sofá. Olho no olho, dizendo:
- As dondozeira ama os
dondozeiro?
- Ama.
- Mas os dondozeiro ama as
dondozeira mais d que as dondozeira ama os dondozeiro.
- na-na-não. As dondozeira ama
os dondozeiro mais do que, etc.
E, entremeando o diálogo,
longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de línguas. Beijos de
amígdalas. Beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque
nunca mais.
Depois do ridículo, o melhor
do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada,
arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está
com alguém. Ou para fingir que não vê. Ou para ignorar. Ou para dar um abano
amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que podem até
ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são
as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais
lastimáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar
depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as
pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.
VERÍSSIMO,
Luís Fernando. Correio Brasiliense.
13/06/1999.
Abraço do Leo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário