sábado, 1 de agosto de 2015

Capitalismo selvagem para crianças: quais os limites para publicidade infantil?*



Em tempos de economia globalizada e "capitalismo selvagem", campanhas e estratégias publicitárias se mostram um perigo para aqueles que serão os futuros consumidores do Brasil. Ainda sem terem a sua personalidade e visão crítica formadas, as crianças são cada vez mais alvo de um mercado voraz, que não mede esforços para seduzi-las ao consumo.

Foi a partir da década de 1950 que a infância se tornou alvo de assédio do mercado. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a comunidade global finalmente conseguiu compreender a importância que as crianças tem para o futuro da sociedade. Nos Estados Unidos a geração "baby boomers", como são chamados os nascidos na primeira geração pós Segunda Guerra, era vista como o "tesouro americano" e deveria ser alvo de atenção e cuidados.

Tantos cuidados chamaram a atenção do mercado, que viu nas crianças um público de potenciais consumidores. Hoje consolidada como uma das maiores indústrias do mundo, a indústria de produtos infantis não mede esforços e se utiliza das mais diversas estratégias para atrair um público tão vulnerável. Desenhos animados em campanhas publicitárias incutem nos pequenos desejos e valores de uma cultura de consumo desenfreado e insustentável.

São estes mesmos valores incutidos no público infantil que criam adultos consumistas e pouco responsáveis com as causas ambientais e até com eles mesmos. Pouco importa a origem das matérias primas, o lixo gerado ou as dívidas crescentes no cartão de crédito: o consumo é a Lei e seu maior objetivo.

Em uma sociedade onde o apelo ao consumo é cada vez mais latente, o debate e a adoção de medidas quanto a publicidade infantil se mostra cada vez mais necessário. O modelo de autorregulamentação adotado se mostra ineficiente e bastante flexível, tornando evidente a necessidade de um controle maior sobre o assunto. Faz-se necessário também discutir a educação que está sendo dada ao público infantil, visto que somente com uma educação "sólida", crítica e voltada para a cidadania será possível chegar a uma sociedade de consumidores conscientes.


*texto escrito para a redação do ENEM 2014, com o tema "Publicidade infantil".
 

Abraço do Leo!

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