Hoje a Fundação Bradesco de Maceió completa vinte e dois anos de história, dos quais também faço parte dos últimos onze anos. De lá pra cá várias coisas mudaram, a quadra de esportes foi coberta, houve mudanças na biblioteca e reformas no laboratório de informática.
Minha história lá começa no pré-escolar, hoje primeiro ano do ensino fundamental. Na época estudei com a professora Rita, que não trabalha mais lá, e o diretor era o adorável diretor Milton. Naquela época, apesar de ser um aluno conflituoso com os demais (por diversos motivos que não cabem citar aqui), estudar na Fundação era um sonho. Desde antes de entrar na escola já sonhava em participar da banda fanfarra da escola, e acreditava que a melhor coisa do mundo era ser um aluno do ensino médio na FB.
O tempo passou e mudei bastante, principalmente a minha postura como aluno. Passei para a tarde, conheci e fiz uma “amizade” com os professores, conheci pessoas, me “apaixonei” algumas vezes, natural no ciclo de vida de qualquer um. Mas se teve um ano que foi marcante para mim foi o 9º ano (8ª série). Isso por que foi quando compreendi a presença da escola na minha vida, o quão importante e “influente” ela havia sido na minha vida até ali. Passei a realmente gostar da escola a ponto de minha mãe questionar se eu não queria levar minha cama para lá também.
Na época, ano de 2008, foi um ano mágico. Fui pelotão de biblioteca, e simplesmente foi a coisa mais divertida (lembro bem das conversas com os professores, e de vez em quando com o diretor Milton, hehehe). Nesse mesmo ano concretizei o sonho de entrar para a banda fanfarra da escola. Quando passei no CEFET (hoje o IF-AL), foi justamente todo esse peso que a Fundação tinha na minha vida que fizeram com que eu continuasse lá.
Hoje estou no terceiro ano do ensino médio, à um passo de terminar a escola, e enquanto deveria estar me lamentando de deixar tudo isso pra trás hoje conto os dias para poder sair de lá (faltam só 180 dias dos 200 exigidos por lei). É engraçado ver que tudo o que sentia pela escola sumiu, como num piscar de olhos.
Não posso negar que hoje quando passaram aquele vídeo mostrando a grandiosidade e abrangência da Fundação Bradesco senti um pouco do orgulho que sentia no 9º ano. Mas tudo isso só me faz questionar ainda mais certas posições da escola. Por que ser assim quando a instituição poderia ser a melhor?
O que me dá desgosto naquela escola é ver o potencial criativo dos alunos ser por vezes não favorecido de forma livre (o nosso antigo Festival de Música, que segundo me contaram foi cortado por não haver “proposta pedagógica”). É a política de intolerância ao uniforme escolar (não é aceito nenhuma calça que seja mais claro que o azul da escola. Pergunta: isso atrapalha a aula em quê?), é a política de intolerância as “individualidades do aluno”, coisa que a escola diz que cumpre (outro dia vi uma amiga minha escondendo o cabelo por que tinha medo de ser barrada por ter feito clareamento nas pontas do cabelo!), e o que me deixou mais chateado com a escola: ver um projeto de compartilhamento de conteúdo extra-escolar ser barrado pela escola, por que ela não teria como “controlar” (repito, “controlar”) as informações que seriam difundidas por e-mail.
Poderia citar tantas outras coisas que só me deixam triste em relação a escola (como o horário de entrada e saída da escola em período extra-classe, que até já me rendeu uma conversa com a diretora Francisca Dilma; ou a burocracia até abusiva da escola para que o aluno possa estudar lá). Tudo isso me faz questionar: por que uma escola com um potencial humano e patrimonial tão grande se limita tanto? É por vezes tão hipócrita?
A resposta mais plausível e comum é que a Fundação forma para o banco. Mas todos os alunos serão funcionários do banco? E as exigências que o banco cobra não poderiam ser cumpridas quando o sujeito for trabalhar no banco? Isso só serve para constatar que realmente os bancos ainda são as empresas mais atrasadas em termos de padrões e exigências. Enquanto todas as empresas, em especial do ramo de tecnologia se modernizam os bancos insistem em seguir condutas que não estão na vanguarda do mercado.
Acho no mínimo engraçado e muito pretensioso da escola dizer como se fosse ela que aprovasse no vestibular. Uma instituição que até pouco tempo atrás não tinha foco no vestibular se gabar pelas aprovações dos ex-alunos na universidade. Não é a escola que aprova mas sim o próprio aluno. Se não todos os alunos que estudam nos “colégios de elite” seriam aprovados.
Disse isso a um professor uma vez e ele me perguntou se o mérito deveria ser então só do aluno. Claro que não, todos tem um papel fundamental nesse objetivo, principalmente os professores, mas o fator de maior peso é o aluno, jamais a escola. Ela só oferece a estrutura e a “burocracia” necessária para a formação.
Meu sonho seria ver a escola realmente enxergar o aluno como jovem, adolescente e capaz de mudar para melhor a sociedade, sem a necessidade de se exigir coisas que são relevantes nessa época e nesse contexto. Quando a escola conseguir compreender seu aluno aí sim teremos a melhor escola do Brasil e modelo de exportação para o mundo.
A escola me mandou um comunicado por causa disso aí. Quando conto para outras pessoas todos ficam pasmos com tanta rigidez e exigência (Obs: essa foto foi tirada no meu quarto, após chegar em casa).
Abraço do Leo!